Sobre o trabalho




    Olá, seja bem vindo(a)! Somos alunas de Relações Internacionais da Unilasalle - RJ e criamos esse site com o intuito de falar um pouco sobre Povos Originários da América Latina.

    Nós escolhemos a tribo de etnia Warao e o site para contar a história desse povo de uma forma mais acessível e completa. A escolha dessa plataforma foi baseada em trazer informações de modo que você pudesse entender com mais facilidade sobre essa tribo de origem venezuelana, a importância da OIM (Organização Internacional para as Migrações) e da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) enfatizando a parte da migração vulnerável desses indígenas ao Brasil, que acontece desde 2014, graças à crise que vem assolando a Venezuela.

    Esse povo, que tem como vantagem a habilidade em pesca, vem para o país na tentativa de obter uma melhoria de vida para que possam voltar para seu território e conseguir viver de forma digna, chegaram ao Brasil migrando principalmente pelo norte, devido à sua posição geográfica.

    Aqui você vai encontrar as dificuldades, a forma de lidar com os obstáculos pelas fronteiras, e o que levou esses indígenas a escolherem nosso país como um lugar para que possam construir um estilo de vida melhor.

   Esperamos que você goste e se encante pela tribo, assim como nós, ao decorrer de sua passagem aqui pelo site.

    Com amor: Daiara, Quezia, Shayenne e Yngrid.







História e Cultura




      Os índios Warao, que tem com significado do seu nome, sendo "povos das canoas", tem como lar os canais Delta do Rio Orinoco( localizado no Parque Nacional Mariusa), que é o maior Rio da Venezuela que se encontra com o Oceano Atlântico, mas precisamente a noroeste do país.

    Esse povo está há mais de 8000 anos lá e são conhecidos, além de ser índios que vivem em construções de palafitas e serem navegantes de canoas, eles são mais conhecidos por serem nômades, graças a constante mudança, para buscarem através do Orinoco, mas recursos e segurança para construir suas casas, quando as mesma se alargam graças ao terreno das Ilhas serem sedimentares. As casas, não tem paredes ou telhados, com um núcleo ligado diretamente ao acesso ao Rio onde está localizado.

      Os Warao são excelentes pescadores, conhecedores das águas, mas os mesmos também se dedicam à caça e a coleta de frutos ali presentes na região, mas sua principal forma de alimentação além da da pesca, o que se caracteriza claramente como parte de sua cultura nômade, pois dependendo da época do ano, as migrações se tornam constantes, também é feita através da yuruma, que é a tradução local do espanhol aru, ou seja farinha/sagu que é extraído da palma do buriti, uma palmeira alta e da yuca ou mandioca como é conhecida em várias regiões do Brasil.

    O idioma local é o Hanoko e quando se trata sobre a religião, os mesmos acreditam no âmbito sobrenatural, que por eles é conhecido como Hobachi, que os índios entendem como está ligado ao mundo físico do povo Warao. Isso reflete na forma como eles se comportam, pois o Hobachi e ocupado pelos espíritos Hebu, conhecidos por ser influenciadores direto da vida dos humanos e os mesmos controlam as forças da natureza.

    Também quando se trata no âmbito familiar dos índios, as mulheres são as mães que tem como o trabalho cuidar das crianças, enquanto os homens têm como obrigação o patriarcado, que o núcleo familiar a qual eles respeitam, onde no casamento entres os membros da tribo, e atribuído como obrigação de cuidar, o então, marido, também da família de sua esposa.

    No âmbito de preservação de seus costumes, apenas os mais velhos ainda têm a cultura totalmente não afetada pela modernidade, enquanto os mais jovens já não fazer atividades tradicionais, e sim se dedicar a parte agrícola, mas os Índios Warao ainda são um dos poucos que conseguem preservar seu traço cultural ao longo do séculos, sem perdê-los completamente.

    O governo Venezuelano , por sua vez, tem feito investimentos pesados, para que o povo não tenha que abandonar seu território e migrar para os centros urbanos, como a inclusão nas escolas, de tecnologias como computadores, notebooks, com sistemas operacionais que traduzam na língua local, tudo que se passa no mundo exterior dessa tão, mesmo que ainda imigrante, ter uma cultura preservada e com a chegada dessas ferramentas, o turismo chegou a região, com hotéis que se adaptam a cultura mais selvagem, apresentação aos turistas de artesanatos e uma culinária local.

    O povo Warao é um povo que ama a terra, e acredita na preservação da terra como ela é naturalmente, mas isso não os impede que se sintam ameaçados com a modernidade e a questão de desmatamento, mas a cultura dos mesmo é o que faz desse povo um nômade, com raízes ancestrais e ainda preservadas, pois essa é sua maior característica que os diferencia de muitos outros povos indígenas espalhados pelo mundo.





Situação Atual




      O êxodo forçado que o povo Warao tem feito não é uma novidade, desde 1970, os índios dessa etnia vêm sofrendo com o represamento de rios, como o Manamo, a piora em suas condições de subsistência e as sucessivas invasões causadas por agricultores e pecuaristas em suas terras. Esses acontecimentos os levaram a migrarem para os centros urbanos da Venezuela desde então, e tal situação se agravou ainda mais devido à crise humanitária pela qual o país vem passando.

       Desde que começaram a migrar para os centros urbanos da Venezuela, como mencionado acima, os Warao desenvolveram uma divisão de tarefas em sua comunidade que incube às mulheres a tarefa de pedir dinheiro e distribuição de alimentos e recursos dentro do grupo. Dessa forma, as alternativas encontradas foram a mendicância e a venda de artesanato, atividade que encontra obstáculos no fato de sua maior fonte de matéria-prima ser a fibra de Buriti, que só pode ser extraída no Brasil com a autorização do IBAMA, para além disso contam com doações.

    Apesar de muitas pessoas pensarem que os indígenas venezuelanos vêm para o Brasil, após percorrerem um trajeto de cerca de 1000km, com o intuito de ficar, a situação é muito diferente. A maioria que chega enxerga o país como um movimento transitório e pendular, fato que demonstra que na verdade essas pessoas têm mais interesse em conseguir recursos básicos, no momento escassos no seu país de origem e voltar, do que propriamente fixar-se em solo brasileiro. Outro fato interessante é que a maioria dessas pessoas dão preferência por outros países vizinhos, como a Colômbia, pela semelhança no idioma, visto que o Brasil é o único país da América do Sul que não fala espanhol como língua nativa. Seu destino principal é a região Norte, exatamente pela proximidade com a fronteira com a Venezuela, o que facilita o retorno.

     Embora a maioria do povo Warao entre no Brasil como solicitante de refúgio, tal situação é questionada por conta desse movimento pendular e por muitas vezes o país servir somente de passagem para que esses cheguem a outros países vizinhos. Porém para os que se mantêm aqui, o processo de solicitação é feito, normalmente, nos próprios abrigos com o auxílio de algumas instituições como a Caritas Arquidiocesana e a Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O maior e principal abrigo é o Centro de Referência ao Imigrante (CRI), em Boa Vista, sob a gestão da ONG Fraternidade Internacional, em parceria com a ACNUR e a Operação Acolhida do exército brasileiro. Criado após uma denúncia do Ministério Público Federal sobre as condições insalubres sob as quais viviam os imigrantes refugiados. Além desse, existe um abrigo em Pacaraima e os que não ficam alojados nesses abrigos, são vistos com frequência nas ruas, principalmente, nos arredores da Rodoviária de Pacaraima. Fato que contribuiu bastante para o crescimento nos episódios de discriminação e preconceito sofridos por esses por parte da população local.

      Um ponto interessante de mencionar, é que houve uma tentativa por parte do Governo de Roraima de integração dos indígenas da etnia Warao a outros povos indígenas da região. Porém em decorrência das grandes diferenças culturais essa integração não foi possível.





Migração e Apoio




    Em vista da situação atual pela qual os indígenas vindos da Venezuela vêm passando, certas medidas internacionais e nacionais vêm ganhando mais proporção atualmente devido a migração forçada que esses povos passam por conta da crise pela qual o país vem enfrentando. Segundo o Relatório de Atividades para Populações Indígenas realizado pela ACNUR, cerca de 66% das solicitações de refúgio são feitos pelo povo Warao.

    No entanto, essa migração os coloca em estado de vulnerabilidade, no qual não possuem uma moradia fixa, acesso a comida e saúde, assim como estão sujeitos a exploração laboral. Com o intuito de promover sua segurança e direitos básicos tanto no aspecto do direito internacional como no Brasil, buscamos apresentar alguns aspectos da visão internacional quanto à migração e proteção de povos indígenas, especialmente do Brasil em relação ao povo de etnia Warao.

    A partir da Declaração Universal do Direitos Humanos da ONU, em 1948, temos um documento universal que busca resguardar os direitos de todos os seres humanos seja no âmbito político, social ou cultural. Apesar de não mencionar os direitos de povos indígenas diretamente, estes se encaixam na declaração proposta. Ainda temos a Convenção nº 107 e nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sendo estas instrumento de reconhecimento dos povos indígenas quanto aos seus direitos à terra e maior visibilidade internacional.

    O ano de 1993 também marca um importante passo. Neste ano foi proclamado pela ONU o Ano Internacional do Povos Indígenas do Mundo. Já em 2001, foi criado o Fórum Permanente para Assuntos Indígenas como órgão consultivo do Conselho Econômico e Social da ONU. Este tem como objetivo trazer mais visibilidade às questões dos povos indígenas no que se refere aos direitos humanos. Em 2007, foi aprovada a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos do Povos Indígenas, reforçando mais uma vez a importância de resguardar que seus direitos sejam garantidos.

  A Organização Internacional para as Migrações (OIM) trata-se de uma organização intergovernamental das Nações Unidas que busca por meio de seus Estados-membros garantir que o processo de migração seja um trabalho em conjunto com estes, garantindo a facilitação e regularização deste. Além da OIM, podemos citar a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) que vem trabalhando para a promoção de uma migração segura aos refugiados, incluindo o povo indígena Warao, o qual vem cada vez mais migrando para o Brasil.

    Quanto o papel do Brasil neste tema é importante citar a Operação Acolhida promovida pelo governo brasileiro, criado em 2018. Esta operação tem como objetivo garantir que os venezuelanos que deixaram seu país em busca de abrigo e ajuda humanitária possam receber o acolhimento necessário para garantir ajuda e bem-estar aos mesmos, enquanto trabalham conjuntamente com organizações internacionais para garantir assistência aos refugiados e migrantes que chegam ao Brasil.







Referências




JAKUBOSKI, Adriélli Pelizzar; SANTOS, Izaura José Padilha dos; GUARANY, Vilmar Martins de Moura. Instrumentos Internacionais de Proteção aos Direitos dos Povos Indígenas. In: Congresso Internacional de Direito da AJES, 2º, Juruena. Juruena: Faculdade do Vale do Juruena, p. 1-15. Disponível em:
http://www.site.ajes.edu.br/congre/arquivos/20160823224000.pdf


MEDEIROS, J.P; CARDONA, Anibal. O êxodo do povo Warao no Brasil. Revista IHU On-line, Instituto Humanitas Unisinos, ano 2020, 9 maio 2020. Notícias, p. 1-1. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/598788-o-exodo-do-povo-indigena-venezuelano-warao-para-o-brasil-edicao. Acesso em: 15 out. 2020


PEREIRA, André Paulo dos Santos. O povo indígena Warao: um caso de imigração para o Brasil. Consultor Jurídico, São Paulo, jan. 2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-jan-21/mp-debate-povo-indigena-warao-imigracao-brasil


QUEIROZ, Mitsy. Índios Warao. In: Coleção EcoExportações: Índios Warao. Recife: Panorama Cultural, 28 mar. 2012. Disponível em: http://panoramacultural.com.br/indios-warao/. Acesso em: 15 out. 2020.


SOUZA, Júlia Henriques. Janokos brasileiros: uma análise da imigração dos Warao para o Brasil. 2018. Boletim Científico ESMPU, a. 17 – n. 52, p. 71-99 – jul./dez. 2018. Brasília. Disponível em: http://escola.mpu.mp.br/publicacoes/boletim-cientifico/edicoes-do-boletim/boletim-cientifico-n-52-julho-dezembro-2018/janokos-brasileiros-uma-analise-da-imigracao-dos-warao-para-o-brasil. Acesso em: 14 out. 2020.


Licenças das fotos (por ordem)


"File:Familia de Warao en canoe.jpg" by Katepalitava is licensed with CC BY-SA 3.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0


"File:A Warao family in their canoe.jpg" by Roar Johansen is licensed with CC BY-SA 2.5. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.5


"Indianie Warao" by mammal is licensed with CC BY-NC-SA 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/


"Portrait of Warao Boys" by DaniBlanchette is licensed with CC BY-NC-SA 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/


"Warao Kids" by Erik Cleves Kristensen is licensed with CC BY 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/


"Navidad en Warao" by Alex Lanz is licensed with CC BY-NC 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/


"Warao de Delta Amacuro" by LuisCarlos Díaz is licensed with CC BY-NC-ND 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/


"Warao em Boa Vista (Foto Yolanda Simone/Amazônia Real)" by Agência Amazônia Real is licensed with CC BY 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/


"Warao em Boa Vista (Foto Yolanda Simone/Amazônia Real)" by Agência Amazônia Real is licensed with CC BY 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/


"Warao em Boa Vista (Foto Yolanda Simone/Amazônia Real)" by Agência Amazônia Real is licensed with CC BY 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/


"Warao em Boa Vista (Foto Yolanda Simone/Amazônia Real)" by Agência Amazônia Real is licensed with CC BY 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/


"Warao em Boa Vista (Foto Yolanda Simone/Amazônia Real)" by Agência Amazônia Real is licensed with CC BY 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/


"Warao House" by drummerlizard is licensed with CC BY-NC-ND 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/


"Warao kid" by oenvoyage is licensed with CC BY-NC-ND 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/


"Warao kids" by oenvoyage is licensed with CC BY-NC-ND 2.0. To view a copy of this license, visit https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/